A Basílica da Cisterna, um tesouro com 1 500 anos debaixo de terra em Istambul

Esta grande obra foi construída para fazer face às necessidades de água da cidade, e acumulava as águas da chuva durante a época bizantina.

636375
A Basílica da Cisterna, um tesouro com 1 500 anos debaixo de terra em Istambul

A Basílica da Cisterna está situada a 100 metros a sudoeste da Santa Sofia. Esta grande obra foi construída para fazer face às necessidades de água da cidade, e acumulava as águas da chuva durante a época bizantina. Esta cisterna foi construída também para evitar a vulnerabilidade da cidade sempre que estivesse sitiada, e no caso de ser destruído o Aqueduto de Valente. O nome de Basílica da Cisterna tem que ver com o facto de antes existir uma basílica situada no mesmo local onde foi construída a cisterna.

A Basílica da Cisterna foi construída entre os anos de 527 e 565, durante o reinado do imperador bizantino Justiniano I. Esta basílica foi batizada com o nome de “Basílica de Yerebatan”, por causa das suas numerosas colunas que parecem subir do chão até ao céu. Esta basílica é uma enorme estrutura colossal de forma retangular, que ocupa um espaço de 140 metros de comprimento por 70 metros de largura. No total, o edifício tem 336 colunas com cerca de 9 metros de altura cada uma. Cada coluna está espaçada das restantes em 4,8 metros, numa estrutura composta por 12 fileiras de 28 colunas em cada fila. O acesso ao interior do edifício faz-se através de uma escadaria com 52 degraus de pedra.

A conceção e a construção deste tipo de estrutura, representa uma maravilha da engenharia de há 1 500 anos. A maioria das colunas usadas nesta basílica, resulta de reutilização de materiais de obras mais antigas. Os istambulenses, que viveram sob cerco durante uma boa parte da sua história, responderam desta forma à sua necessidade de água, tirando proveito dos recursos aquáticos da cidade. As necessidades de água do palácio romano, eram também satisfeitas com a água fornecida por esta basílica.

98 das colunas da Basílica da Cisterna ostentam o estilo coríntio, sendo as restantes no estilo dórico. As colunas são unidas entre si através de arcos, que compõem o teto da estrutura. O chão da basílica é composto por betão, para impedir que a água se possa infiltrar no solo e desapareça. É precisamente este chão de betão, que permite que a basílica se mantenha de pé há 1 500 anos. Esta cisterna com cerca de  9 800 metros quadrados, tem uma capacidade de armazenagem de cerca de 100 mil toneladas de água.

No lado noroeste da Basílica da Cisterna, foram usados blocos de mármore como bases para duas colunas, e neles foram esculpidos baixos relevos da cabeça de Medusa. Estas duas esculturas destacam-se como exemplos maravilhosos da escultura da época romana. Segundo a lenda da mitologia grega, Medusa é uma das três górgonas, ou seja, monstros do mundo subterrâneo. Uma destas irmãs chamava-se Medusa e o seu cabelo era formado por tranças de serpentes. Ela tinha o poder de petrificar todos aqueles que para ela olhavam. Segundo a crença da época, eram usadas representações pintadas destas mulheres monstruosas para proteger os edifícios importantes. E é por este motivo que foram colocadas as cabeças de Medusa na Basílica da Cisterna.

A cisterna passou a ser usada pelos otomanos depois da conquista de Istambul, mas acabou por se tornar inutilizada devido à crença muçulmana relativa à água, segundo a qual a água que não flui, não é limpa. A água da cisterna passou então a ser usada para regar o jardim do Palácio de Topkapi.

Um viajante holandês que chegou a Istambul em 1 544, apercebeu-se de que estava a ser tirada água dos poços e que até se pescava. Na sequência das suas investigações, redescobriu a cisterna e publicou as suas impressões no seu livro de viagens. E foi assim que o mundo ocidental passou a conhecer a Basílica da Cisterna. Quem sabe se uma ideia de barragem subterrânea com 1 500 anos de idade, não servirá de base para investigações científicas para fazer face às necessidades de água no futuro.

A Basílica da Cisterna aparece no último filme protagonizado por Tom Hanks, com o título de “Inferno” – baseado no romance com o mesmo nome escrito por Dan Brown. Este filme irá contribuir para a promoção da Basílica da Cisterna em todo o mundo, e terá também um efeito positivo sobre o turismo de Istambul.

Esta cisterna foi restaurada muitas vezes ao longo da história, e serve agora de museu. O edifício é gerido pela Município da Área Metropolitana de Istambul, e são aqui realizadas muitas atividades como concertos e reuniões. Além disso, foram também colocados passadiços suspensos que permitem caminhar por cima da água, ao som de música suave e das gotas de água que caem, num cenário com uma iluminação que cria um ambiente irreal.



Notícias relacionadas