A serpente é o símbolo da Medicina porque...

Bem-vindos ao nosso programa, no qual falaremos de como a serpente, que atualmente e com frequência causa medo e repugnância, se tornou o símbolo da ciência médica como instrumento de cura.

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A serpente é o símbolo da Medicina porque...

A serpente é o símbolo da Medicina porque…

No episódio de hoje, vamos falar de um símbolo que emergiu da memória coletiva humana e que ainda hoje é universalmente utilizado. Bem-vindos ao nosso programa, no qual falaremos de como a serpente, que atualmente e com frequência causa medo e repugnância, se tornou o símbolo da ciência médica como instrumento de cura.

Os achados relacionados com a humanidade revelam que as figuras de animais estão presentes nas nossas vidas desde as primeiras comunidades humanas conhecidas. Datados de há 45 mil anos, os animais têm sido a espinha dorsal da cultura humana, desde as primeiras pinturas identificadas. Desde Gobeklitepe, edificada há 12 mil anos, até todas as mitologias conhecidas a partir de Gobeklitepe, que, com a sua descoberta, virou de pernas para o ar o entendimento estabelecido da história, os animais são a fonte mais básica que os seres humanos utilizaram tanto para partilhar a vida na natureza como para a expressão simbólica.

Não seria exagerado dizer que as mitologias são formadas pela combinação de acontecimentos naturais, especialmente o medo de animais predadores e venenosos, e a imaginação infinita do homem. O recurso a poderes sobrenaturais na explicação de acontecimentos de causa desconhecida é ainda hoje, uma das formas de desvio da humanidade. Sabemos que os animais têm sido usados para expressar esses poderes desde a pré-história. Embora, hoje em dia, as personagens e os símbolos mitológicos sejam os que mais aparecem nos nomes dos planetas, há uma figura com que nos deparamos muito no nosso quotidiano: O símbolo da medicina da serpente que vemos em todos os hospitais. 

 

Pensa-se que as duas serpentes que estão representadas enroladas uma na outra, numa taça de bebida no relevo de pedra do Rei Sumério Gudea I, atualmente no Museu do Louvre, representam Ningizzida, o Deus da Saúde. Na mitologia grega e romana antiga, a serpente é o símbolo de Esculápio, o Deus da medicina. Esculápio, que curava os doentes, era representado com um cetro com uma serpente enrolada à volta. Para além disso, nas antigas culturas mesopotâmica e egípcia, as serpentes aparecem como símbolos divinos associados à cura. A qualidade de regeneração da serpente ao largar a sua pele encontra-se também em muitos textos antigos, como uma metáfora que exprime a regeneração através da eliminação da doença. 

 

Não seria errado pensar que os movimentos imprevisíveis da serpente e o medo criado pelo seu veneno mortal a elevaram a uma posição de respeito e até de cura. Esta abordagem dos povos antigos está hoje presente nas nossas vidas de uma forma diferente. O veneno de cobra é hoje uma substância química utilizada pela indústria farmacêutica. No final do nosso programa, acrescentamos que a palavra farmacologia se baseia na antiga palavra grega "pharmakon", que significa tanto veneno como medicamento. Concluímos, assim, entrelaçando conceitos, como as duas serpentes enroladas num bastão, que foi reconhecido como símbolo da medicina pela Associação Médica Mundial em 1959.



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