As diferenças na vacinação contra o Covid-19 entre países ricos e pobres está a ficar 'grotesca'

O diretor da Organização Mundial de Saúde, Tedros Ghebreyesus, destaca que a distribuição desigual de vacinas não é apenas um escândalo moral mas também económica e epidemiologicamente contraproducente.

1606700
As diferenças na vacinação contra o Covid-19 entre países ricos e pobres está a ficar 'grotesca'
korona aşısı1.jpg

AA – “A distância entre as vacinas administradas nos países ricos e a implementação do programa Covax é cada vez maior e torna-se "mais grotesca" a cada dia que passa” - lamentou esta segunda-feira o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus.

Durante um webinar sobre COVID-19 em Genebra, o chefe da OMS descreveu a situação como "contraproducente", e disse que os países que vacinam pessoas jovens e saudáveis ​​com baixo risco da doença, o fazem à custa das vidas dos trabalhadores de saúde, idosos e outros grupos de risco, noutros países.

“Os países mais pobres do mundo questionam-se se os países ricos falam a verdade quando se trata de solidariedade. A distribuição desigual de vacinas não é apenas um escândalo moral; é também económica e epidemiologicamente contraproducente” - garantiu Tedros.

O programa Covax liderado pela OMS visa travar a fase aguda da pandemia de COVID-19, garantindo a distribuição justa e equitativa de vacinas, ao fornecer 1,3 mil milhões de doses de vacinas a países de rendimentos médios e baixos este ano.

Tedros já tinha dito na sexta-feira passada que mais de 411 milhões de doses de vacinas foram administradas em todo o mundo, mas que 76% dessas doses foram usadas em apenas 10 países.

Segundo o chefe da OMS, alguns países tentam vacinar toda a sua população, enquanto outros não têm nada: “Isto pode comprar segurança no curto prazo, mas é apenas uma falsa sensação de segurança” – afirmou Tedros, que acrescentou ainda o seguinte:

"Quanto mais transmissão, mais variantes, e quanto mais variantes, maior a probabilidade das vacinas perderem eficácia".

O director da OMS pediu o aumento da produção de vacinas o mais rapidamente possível. “Se os países não partilharem as vacinas pelos motivos certos, pelo menos que o façam no seu próprio interesse”.

Tedros observou que alguns países deram "um grande exemplo", como a Coreia do Sul, que apesar de ser um país de altos rendimentos e poder facilmente comprar vacinas através de acordos bilaterais, esperou pela sua vez na obtenção de vacinas através da Covax.



Notícias relacionadas