A América está de volta?

Apresentamos a avaliação do Dr. Murat Yeşiltaş, Diretor de pesquisas sobre segurança da SETA

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A América está de volta?

O período de novembro a janeiro foi caótico como previsto. Havia uma expectativa de que Trump não entregaria pacificamente a presidência, mas ninguém poderia ter adivinhado quais seriam os eventos. Em 6 de janeiro, houve pela primeira vez na história americana, a invasão do prédio do congresso por parte dos apoiadores de Trump. 5 pessoas morreram no ataque sangrento, a imagem cada vez pior dos EUA ao redor do mundo foi destruída.

Depois do ataque sangrento, a votação foi realizada para a suspensão de Trump pela segunda vez. Washington, a capital dos EUA, testemunhou as cenas que estamos acostumados a ver em Bagdá, capital do Iraque. Mais de 25.000 soldados americanos montaram barricadas nas ruas da capital e ficaram estacionados dentro do prédio do congresso.

Enquanto tudo isso acontecia, o número de pessoas que morreram nos EUA devido à epidemia de coronavírus ultrapassou 4.000 por dia. Não seria errado dizer que Biden assumiu um naufrágio. Então, que tipo de América Biden deseja construir?

A resposta de Biden e sua equipe a essa pergunta parece muito clara. Biden anunciou que "a América está de volta". Essa afirmação foi entendida por muitos como uma estrutura que mostra a compreensão de Biden sobre a política interna e externa em geral.

Então, o que significa para o retorno da América? O primeiro pilar dessa abordagem, que delineia a estrutura da política externa de Biden, é o restabelecimento da liderança americana. O secretário de Estado Blinken argumenta que se os EUA não liderarem o sistema global, a lacuna que eles deixariam seria preenchida por forças autoritárias, e essa situação causaria instabilidade no sistema internacional.

Biden sabe que em política externa ele deve primeiro se esforçar para reconquistar a liderança americana. Existem dois subcomponentes importantes dessa liderança. O primeiro é recuperar a imagem danificada dos EUA e o segundo é recuperar sua forte posição de liderança contra a China e a Rússia.

A próxima prioridade de Biden é aumentar novamente a importância das instituições internacionais. Durante a era Trump, os EUA tiveram sérios problemas com instituições internacionais dominantes, como a ONU, a OTAN e a Organização Mundial da Saúde. A política externa de Biden baseia-se principalmente no restabelecimento da liderança americana por meio dessas instituições, por meio do re-fortalecimento das instituições internacionais. Nesse contexto, podemos dizer que o multilateralismo terá um lugar importante na política externa americana na era Biden.

A terceira prioridade de Biden é fazer uma nova regulamentação que reconquiste a liderança americana na economia global. Neste ponto, as guerras comerciais entre os EUA-China vêm à mente durante a era Trump. É bastante claro que Biden vê a China como rival, mas também não vê a China como Trump ou os republicanos. O Assessor de Segurança Nacional, Sullivan, afirmando que a fórmula da "coexistência com a China" é a linha principal da política externa mostra que Biden pode buscar uma política de conversão da China por meio de um compromisso com a China em vez de uma guerra. Mas o problema econômico de Biden não é apenas a China. A situação econômica causada pela epidemia de coronavírus parece manter a política econômica de Biden bastante ocupada.

A quarta prioridade de Biden é restabelecer a ordem liberal com base no direito e nas regras internacionais. Nesse contexto, podemos dizer que, com o restabelecimento das normas internacionais, pode-se definir uma política que tente eliminar a perda da imagem liderada pelos americanos. Esse propósito exige que os EUA façam novos regulamentos sobre as regras globais que mantêm o sistema global vivo. Para isso, os EUA precisam de mais aliados.

A questão sobre saber se esses quatro pilares poderiam trazer os EUA de volta ao sistema internacional é extremamente importante. Os destroços que Biden recebeu de Trump e o caráter mutante da política mundial mostram que isso é muito difícil de perceber.

 



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