Chanceler do Uruguai: "O reconhecimento de Guaidó é um ato quase irresponsável"

Rodolfo Nin Novoa assegurou que a decisão poderia levar a Venezuela a um confronto armado de "consequências insuspeitadas"

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Chanceler do Uruguai: "O reconhecimento de Guaidó é um ato quase irresponsável"

AA - O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, assegurou que para seu governo o reconhecimento como chefe de Estado interino o líder da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, "é um ato quase irresponsável".

Durante uma intervenção na Assembleia Geral do Uruguai, o chanceler afirmou que Guaidó não possui elementos para constituir seu governo porque não tem controle sobre o território, nem controle efetivo sobre os ministérios, nem da Polícia, nem das Forças Armadas.

Para Nin Novoa, um governo de Guaidó só pode ser validado por força ou intervenção militar com a qual o Executivo uruguaio não concorda. "Esta é a posição, aparentemente, daqueles que dizem que o tempo de diálogo e diplomacia passou. Este governo não será cúmplice em uma atitude como essa", disse ele.

"O reconhecimento é um ato quase irresponsável, capaz de levar a Venezuela a um confronto armado que, se ocorrer, terá consequências insuspeitas e gerará um número enorme de vítimas inocentes", afirmou o ministro.

O chanceler queixou-se a Guaidó de que "repetidamente" considerara validar sua autoproclamação por meio de uma intervenção estrangeira. Para Nin Novoa, a declaração do líder da legislatura venezuelana "derruba a posição da América Latina em relação à intervenção de posições estrangeiras em nosso continente".

Nin Novoa também lembrou que Guaidó só foi reconhecido por 43 países dos 193 membros das Nações Unidas.

O funcionário disse que para o Uruguai a saída para a crise política que a Venezuela está vivendo deve ser alcançada através do diálogo. "Esta fórmula é para evitar o triunfalismo infundado da oposição venezuelana conduzida por interesses estrangeiros que não se importam com o derramamento de sangue", disse ele. Ele também lembrou que seu país denunciou violações de direitos humanos na Venezuela como prisão de opositores.

O Uruguai participa desde setembro de 2018 na formação de um grupo de contato com a União Europeia para permitir uma saída da crise venezuelana e teve uma reunião na última quinta-feira em que convocou eleições na Venezuela sem reconhecer Guaidó como presidente.



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